Quem viveu os anos 90 provavelmente consumia rádio e televisão, sendo assim, tinha contato com a grande diversidade dos estilos musicais produzidos no Brasil naquela época. Em meio ao cenário, em 1993, a Sony Music lançava o primeiro grupo musical formado apenas por mulheres negras no país: As Sublimes.
O trio era formado por Isabel Fillardis (modelo que havia acabado de se tornar sexy symbol por sua estreia em horário nobre, na novela Renascer, de Benedito Ruy Barbosa, Rede Globo), a contralto e modelo internacional Karla Prietto (capa do sabonete Lux na Nigéria) e a aclamada soprano provinda dos teatros musicais, Lilian Valeska.
As Sublimes tomaram conta dos veículos de comunicação. Um projeto musical que, embora em um país miscigenado, contava pela primeira vez apenas com mulheres negras em seu elenco. E elas conquistaram o país, entrando no rol de referência para as meninas de toda a nação.
A primeira música de trabalho foi Boneca de Fogo, no estilo Soul Music, que alcançou os primeiros lugares nas paradas de sucesso das rádios e teve seu videoclipe lançado na revista eletrônica Fantástico, também da Globo, catapultando As Sublimes editorais de revista e de moda, além de diversos programas como Xuxa Park, Xuxa Hits, Domingão do Faustão, Jô 11 e meia, Som Brasil e Dudalegria.
O primeiro show de lançamento do disco ocorreu no Jazzmania, uma balada casa de eventos da cidade, onde ficaram por alguns meses com seu show semana até iniciarem sua turnê pelo Brasil. No ano seguinte “Boneca de Fogo” ainda estampou o repertório de coletâneas como Hot Hits 94 e Pepsi Love Songs. Em seguida elas ainda emplacaram, contra gosto, a contraditória música Tyson Free que, embora tenha sido regravada a contra gosto pelo trio, fez sucesso na mídia por sua melodia marcante. Pouco depois veio Menina Mulher da Pele Preta, de Jorge Benjor. Com voz principal de Isabel Fillardis, a música teve videoclipe que foi premiado em Nova York como melhor videoclipe de 1994. Por fim as rádios ainda tocaram as baladas românticas Stop e A Última Ilusão antes dos trabalhos do primeiro disco serem interrompidos pela saída de Fillardis por conflitos de agenda.
Quatro anos depois o trio ressurge com segundo disco produzido nos Estados Unidos, agora contando com Flávia Santana ao lado de Karla e Lílian, sob a produção de Tuta Aquino. Lançaram o single Eu queria um amor, versão que o trio escreveu para My cherie Amour de Stevie Wonder. Tal single recebeu onze versões e fez o trio ganhar novamente as rádios nacionais, emendando com o sucesso de Só pra ser. Elas reapareceram em programas como Quem sabe… sábado, Note e Anote (ainda com Ana Maria Braga na Rede RecordTV), Planeta Xuxa e diversos outros.
As Sublimes, dentre diversos outros artistas, tiveram seus contratos interrompidos pela mudança brusca que o mundo musical passou no final da década de 90. Voltaram a se reencontrar em 2012, em um momento produzido pela RH Soluções Artísticas, detentora da marca registrada que leva o nome do grupo, estimulado pelo fã Rodrigo Hallvys, ator que seguiu toda a trajetória das moças.
O reencontro iniciou a possibilidade de as cantoras se revezarem em shows esporádicos, a partir de 2014, dando a oportunidade aos fãs de degustarem novamente a presença de palco e músicas marcantes do trio. No início de 2023, a formação inicial fez um glamouroso show na Bahia, alegrando o público.
Trinta anos depois e As Sublimes ainda harmonizam suas vozes com facilidade e um deleite para os ouvidos de quem ama Black Music de qualidade.