“Porta Aberta”: Uma Reflexão Ácida sobre Amor, Sexo e Descartabilidade nos Aplicativos Gays

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Em um mundo onde relacionamentos se constroem (e desfazem) com um deslizar de dedos, o espetáculo “Porta Aberta”, em cartaz no Teatro Ruth Escobar até 24 de abril, mergulha nas contradições do amor líquido na comunidade gay. Com texto de Adriane Hintze e direção de Gabi Prota Guilherme Zati, a peça esmiúça os paradoxos entre liberdade sexual e solidão afetiva em tempos de Grindr e Tinder.

A trama gira em torno de Leonardo (Thiago Domingues), um homem casado com Marcos (Dayzon Nascimento), mas que vive uma dupla vida: enquanto seu matrimônio esfria, ele se refugia em um aplicativo de encontros sob o pseudônimo “Porta Aberta”. Seu modus operandi? Deixar a entrada de casa literalmente aberta para sexo casual, rápido e sem envolvimento. A rotina de prazeres descartáveis é quebrada quando um visitante anônimo (Pedro Amaral) se recusa a seguir o roteiro do “chega, transa, vaza” — e insiste em conversar, criar laços e, quem sabe, sentir algo além do físico.

O que começa como uma comédia ácida sobre fetiches e hipocrisias do hookup culture ganha camadas de drama e tragédia, expondo a fragilidade das conexões em um mercado onde corpos viram produtos e intimidade vira fast-food. A peça não oferece respostas fáceis, mas provoca: quando o sexo é tão acessível, o que sobra do amor?

Embora ainda carregue traços de um trabalho em amadurecimento, “Porta Aberta” acerta ao misturar humor negro, crueza e momentos de genuína vulnerabilidade. A reviravolta final — que não cabe aqui spoiler — chacoalha o espectador e deixa um gosto amargo de reconhecimento: afinal, quantos de nós já não nos sentimos “objetos descartáveis” nesse jogo de aparências?


Serviço

Espetáculo: Porta Aberta Local: Teatro Ruth Escobar (Rua dos Ingleses, 209 – Bela Vista, SP) Temporada: Até 24/04, quintas-feiras às 20h Ingressos: R80(inteira)/R80(inteira)/R 40 (meia) / R$ 30 (amigo) Duração: 70 minutos | Classificação: 14 anos Vendas: Bilheteria do teatro ou online aqui

Por que ver?

  • Crítica social afiada ao hookup culture e à romantização do vazio afetivo.
  • Atuações convincentes, especialmente de Thiago Domingues
  • Roteiro ousado, que evita clichês e expõe feridas pouco discutidas no teatro mainstream.

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